domingo, 26 de julho de 2009
a pequena sereia
Era uma vez uma sereia, que vivia no fundo do mar
Rodeada de peixes e golfinhos com quem sempre podia brincar
Vestia-se com algas marinhas, usava conchas pro cabelo adornar
Tinha tudo para ser feliz, a sereia de quem vos vou falar
Contuda ela sentia-se só, no coração tinha um espaço por completar
Uma noite o mar se agitou, e uma tempestade fez começar
Assustando tudo à sua volta: as praias, os barcos, as estrelas e o luar
Um barco que por ali navegava, como uma noz se foi despedaçar
No oceano cairam as pessoas, cujas almas ficariam para sempre presas no mar
E a sereia, vendo tal destruição, logo os tripulantes tentou ajudar
Mas o peso do oceano, não a deixava ao topo chegar
E então, foi aí que o viu, moreno, imóvel, olhos da cor do luar
E a sereia percebeu logo que aquele homem iria amar
Prendeu-o no peito, tentou nadar
salvou-o da morte, salvou-o do mar
Deixou-o na segurança da terra que era o seu lar
Beijou o príncipe levemente nos lábios, implorando aos mares para não o matar
E o príncipe acordou, aturdido e sem saber o que se estava a passar
Pensou ter sido salvo por um milagre, da sereia não se conseguia lembrar
Esta depressa se escondeu, não queria o principe assutar
Pensou que ele não compreendiria a sua anatomia e forma de andar
Voltou ao mar com a alma vazia, que dor sentia ao no príncipe pensar
Queria só voltar a vê-lo, e o seu amor poder confessar
Mas, que podia ela fazer? Uma sereia pertence ao mar
Só precisava de pedir ajuda, para na terra poder ficar
Foi a bruxa do oceano que os seus serviços foi entregar
Mas para humana ser, de uma condição ia precisar
"se humana queres ser, para o teu amado amar
Tenho aqui uma poção que as barbatas te podem tirar
Mas tenho uma condição: A tua voz tens de me entregar
E ele tem que dizer que te ama, para a poderes recuperar"
Era arriscado, mas a sereia não podia hesitar
O relógio corria apressado e ela precisava de à terra voltar
Aceitou; a voz e as barbatanas no mar deixou ficar
E com o primeiro raio de sol acordou na areia a queimar
E foi o principe que a encontrou, nua, feliz, silenciada e sem falar
E ficou sem compreender quem era a donzela que acabara de encontrar
Levou-a para o seu castelo, um vestido à sereia mandou entregar
E depois, durante o jantar, uma notícia foi anunciar
"Como sabem, uma tempestade os meus navios foi afundar
E só o milagre dos oceanos foi capaz de me salvar
Contudo, foi em terra firme, que um anjo por mim foi orar
Ajoelhada perante mim, esperou até eu acordar
Apesar de não estar consciente, e da donzela que o fez pouco me lembrar
Acredito que foi Morgana, a rapariga que me fez despertar
Por isso, em honra ao que fez, na obrigação me sinto de a desposar
Afinal, se foi ela que me salvou, como poderia não a amar?"
Dito isto, todos na sala começaram a festejar
E no meio de tanta alegria, na sereia ninguém foi reparar
Nos seus olhos, secos, duas lágrimas da cor do mar si fizeram chorar
E a sereia compreendeu que a sua vinda de nada iria adiantar
O coração do seu amado pertencia a outrém, e contra o amor não se pode lutar
E além disso não tinha voz que o seu feito pudésse confessar
Afinal fora ela, que ao seu lado ficara a orar
Pedindo aos guardiães do oceano que a alma do seu príncipe não deixassem levar
Saiu, e logo percebeui que era inutil no mar tentar mergulhar
Agora era humana, e só os peixes podem no mar ficar
A terra perdera o encanto, já não tinha razões para ficar
Mas por muito que o seu coração desejasse, ao mar também não podia regressar
Chorou, e as suas lágrimas o oceanao foram banhar
E ao sentirem tal prece, todos os seres a foram escutar
"Sereia, sabemos como o teu coração está a implorar
E como te queremos de volta, até a bruxa te vai ajudar
Ela mandou este punhal, só tens de no peito do príncipe o crvar
E logo depois as barbatanas poderás recuperar.
Fá-lo, sereia, não tenhas piedade de quem nunca te poderá amar
A tua missão na terra acabou quando o seu amor por outra o principe foi declarar"
A sereia segurou no punhal, e o coração nele foi colocar
Aproximou-se do quarto do amado, onde ele estava a descansar
Mas, vendo-o assim, tão calmo a sonhar
A sereia amou-o ainda mais e soube que nunca seria capaz de a vida lhe tirar
Largou o punhal, não foi capaz de continuar
Debruçou-se no convés, e no mar foi mergulhar
E depois, não sentiu nada, a calma do mar não foi capaz de a segurar
Em mil bolhas se desfez, e pelo oceano se foi espalhar
Não há registos que provem, a história que acabei de contar
Mas há lendas que persistem, e que devemos preservar
Dizem que depois de morrer, a sereia nunca pariu do mar
E que cuida de todas as almas que as tempestades façam naufragar
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